terça-feira, agosto 19, 2008

As Séries B que ninguém conhece (Parte 1)

Só nos últimos anos a Série B chegou a um nível de desenvolvimento e respeito que a tornou uma das competições mais disputadas do futebol brasileiro, em especial por levar quatro equipes para a primeira divisão nacional. Mas nem sempre foi assim.

Durante anos, a Série B foi relegada a um segundo plano, sendo mudada, cancelada, torcida, mexida e remexida, sofrendo mudanças de formato, nome, sentido, viradas de mesa, cancelamentos, problemas, pendengas e toda a sorte de coisas, desde a sua origem, nos anos 70.

Anos 70? Sim, isso mesmo que você leu. As primeiras edições da Série B foram realizadas juntamente com o Campeonato Brasileiro. Porém, ao contrário deste, não tiveram continuidade e acabaram sacramentando o futuro da competição.

1971

Em 1971, quando o primeiro Campeonato Brasileiro foi realizado, houve a necessidade de se realizar um torneio da segunda divisão, batizado de “Primeiro Campeonato Nacional de Clubes da Segunda Divisão”. Nome pomposo, mas pena que só no nome.

A princípio, era um torneio que todas as federações estaduais (pelo menos as organizadas) podiam indicar times, mas muitas, devido à recusa da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, a que mandava antes da do F) em custear as despesas das equipes. Neste caso se aplicam Guanabara (o estado-cidade do Rio de Janeiro), Rio Grande do Sul e Bahia. Outras toparam, mas com restrições.

São Paulo teve como representante a Ponte Preta, vice-campeã do estado no ano anterior. Mas a Macaca só foi para o torneio porque a Federação Paulista de Futebol se comprometeu a pagar as passagens e as hospedagens da equipe.

Assim, 23 times disputaram o campeonato, que tinha regulamento e disposição um tanto confuso (futebol brasileiro, né?). Duas zonas (Norte-Nordeste e Centro-Sul) foram feitas, com grupos e subdivisões bem confusos e bizarros.

O Grupo Norte-Nordeste foi subdividido em duas zonas (Norte e Nordeste). A Zona do Nordeste formou três grupos, onde os campeões seguiam. No A, o Ferroviário-CE não teve problemas para passar por Campinense-PB, ABC e Ferroviário-PE. O B teve apenas três equipes, e nele o Itabaiana-SE surpreendeu ao vencer um grupo com CRB e Náutico e se classificar.

Já o C era o maior em quantidade de times (cinco) e foi disputado até o fim, mas o Flamengo-PI, apesar de ter sido derrotado pelo rival River na estréia, venceu o grupo, que também tinha os maranhenses do Sampaio Corrêa e do Maranhão e os cearenses do Guarany de Sobral.

O Grupo D, único da Zona Norte, era, na verdade, um torneio seletivo de clubes paraenses. Paysandu, Remo, Sport Belém e Tuna Luso se enfrentaram para ver quem pegava na fase seguinte a Rodoviária-AM. A classificação foi decidida apenas no gol average, em que o Remo foi campeão e desbancou a Tuna Luso (ambos fizeram oito pontos na chave).

O Grupo Centro-Sul era o que reservava bizarrices. Três equipes, o Central-RJ (de Barra do Piraí), o Mixto-MT e o Villa Nova-MG conseguiram vaga automática para a fase seguinte, e restaram América-SC, Londrina e Ponte Preta para jogar. Vencendo apenas em casa e empatando fora, a Macaca levou invicta a classificação para a fase seguinte, onde disputou uma “semifinal” com o Mixto, em que venceu (2x0 fora e 3x0 em casa). Na outra partida, o Villa Nova passou por cima do Central (2x2 e 1x0).

O Grupo do Norte-Nordeste teve o mesmo destino. O Remo teve de fazer a “final” do Norte com a Rodoviária, vencendo as duas partidas (1x0 e 4x2). Assim, esperou o vencedor do Grupo do Nordeste, em que a Itabaiana passou pelo Flamengo-PI e pelo Ferroviário-CE. Na final da zona, deu Remo de novo (0x0 fora e 2x0 em casa).

O Grupo do Centro-Sul teve a sua final entre Villa Nova e Ponte Preta. Cada uma venceu um jogo por 1 a 0 e levaram a decisão para o terceiro jogo, que terminou 0 a 0 no tempo normal, 1 a 1 na prorrogação e com a vitória do Villa por 6 a 5 nos pênaltis.

A final ocorreu entre Remo e Villa Nova, com os paraenses vencendo a primeira partida por 1 a 0, gol de Ernani. Na segunda partida, Dias, Jésum e Paulinho deram a vitória para os mineiros e levaram a partida para o jogo-desempate, em Belo Horizonte, que acabou vencido pelo time de Nova Lima por 2 a 1, com Mário Lourenço anotando os gols do Villa e Cabecinha para o Remo. Assim sendo, Villa Nova primeiro campeão da Segunda Divisão.

(FIM DA PRIMEIRA PARTE)

2 comentários:

Anônimo disse...

bom demais cara!

Anônimo disse...

Estranho só se falar no Vila nova como campeão.O Remo ganhou a chave norte e teve o feito comemorado com as faixas de campeão com a seguinte inscrição(a mesma da CBD):Primeiro Campeão Nacional Norte-Nordeste.Sim era, este o pomposo título dado pela CBD.Sou jornalista e no álbum que editei sobre o centenário remista(2005) destaquei este feito.Expedito Leal