segunda-feira, agosto 25, 2008

As Séries B que ninguém conhece (II)

(Segue a continuação do texto anterior, com a história da Série B disputada no ano de 1972)

1972

No torneio de 1971, não haveria o acesso da forma que conhecemos para a Série A do ano seguinte. O Villa Nova acabou não indo para o Brasileiro de 1972, sendo um dos possíveis motivos a presença de três equipes mineiras na divisão maior (Atlético, América e Cruzeiro).

Entretanto, o Remo, vice-campeão, foi convidado pela CBD para integrar o Campeonato Brasileiro de 1972, assim como outras duas equipes da Série B do ano anterior: CRB e ABC (outras equipes chamadas foram Nacional-AM, Vitória e Sergipe). Só em 1978, o Villa disputaria a Série A.

O fracasso de público da primeira edição não impediu a entidade de armar o segundo campeonato da Segunda Divisão, mas desta vez o negócio foi diferente: foi armado um “Nordestão”, feito pelas equipes da região que não acabaram entrando no Brasileiro.

Novamente 23 equipes foram escolhidas para disputar o torneio, sendo dispostas em quatro grupos (três de 6 e um de 5 times). Os grupos foram sorteados conforme a disposição geográfica das equipes e duas equipes seguiam de cada grupo

O Grupo A teve como destaque o Sampaio Corrêa. O Bolívia estreou com derrota para o rival Moto Clube, mas logo engrenou no campeonato e venceu a chave, com 13 pontos. O outro time classificado foi o Tiradentes-PI, que superou o Moto Clube nos critérios de desempate (ambos tinham 12 pontos). Além deles, pela ordem final de classificação, foram Fortaleza, Guarany de Sobral e Flamengo-PI.

O Grupo B foi bastante disputado e teve quatro equipes que se superaram em relação às demais. Sem empatar (teve sete vitórias e três derrotas), o Campinense venceu o grupo e obteve a vaga ao lado do América-RN. River, Ferroviário-MA, Maguari-CE e Calouros do Ar-CE estavam nesta chave.

O Grupo C teve cinco times e viu um dos classificados chegar à vaga apesar de alguns tropeços: o CSA, campeão do grupo. Junto com ele, garantiu a vaga o América-PE, superando Botafogo-PB, Alecrim-RN e Ferroviário-PE.

O Grupo D reuniu o único time a terminar a primeira fase invicto: o Atlético-BA. A equipe de Alagoinhas venceu oito partidas e empatou duas para obter a vaga de campeão do grupo, passando ao lado do Itabaiana, que nos critérios de desempate, eliminou o Central de Caruaru, em um grupo que tinha ainda Confiança, Fluminense-BA e São Domingos-AL.

A segunda fase foi dividida em dois grupos de quatro, com o campeão de cada chave indo para a final. No Grupo E, o Sampaio Corrêa ficou invicto até a última rodada, quando perdeu para o Tiradentes (2 a 1). Acabou terminando campeão do grupo e classificado, superando ainda Atlético e Itabaiana.

No Grupo F, o Campinense teve uma campanha 100%, vencendo todos os seus compromissos (metade deles por 1 a 0). Assim, com 12 pontos, passou por América-RN, CSA e América-PE e foi para a final, encarar a equipe maranhense.

Na final, as duas equipes fizeram um jogo disputado, que acabou em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. Assim, o jogo foi para a primeira final do futebol brasileiro disputada nos pênaltis. E, aí, os maranhenses superaram os paraibanos (5 a 4) e conquistaram o título.

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Não houve promoção para a Série A em 1973, mas algumas equipes que disputaram o campeonato acabaram indo para o Brasileiro do ano seguinte, deixando os finalistas na mão naquele ano (em 1974 o Sampaio disputou o Brasileiro e no ano seguinte foi a vez do Campinense).

De 1973 a 1979, não houve Série B, pelo fato da política da CBD, eternizada pelo slogan “Onde a Arena vai mal, um time no Nacional”, de aumentar o número de participantes do Brasileiro conforme os interesses presentes. Só em 1980, na Taça de Prata, voltaria a haver uma disputa de Segunda Divisão no Brasil, mas isso é outra história.

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Das equipes que disputaram as duas primeiras edições da Série B, estas nunca teriam o gosto de jogar a Série A: Rodoviária, Ferroviário-PE, Central-RJ, Atlético-BA, Sport Belém, Guarany de Sobral, América-PE, São Domingos, Ferroviário-MA, Calouros do Ar e Maguari,

Desta listinha, Rodoviária, Calouros do Ar, Maguari, Central-RJ, Ferroviário-MA e Ferroviário-PE, nunca voltariam a Série B,

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O time-base do Villa Nova campeão de 1971: Arésio; Cassetete, Zé Borges, Bráulio e Mário Lourenço; Daniel e Piorra; Jésum, Perrela, Paulinho Cai-Cai e Dias. Martim Francisco era o treinador. O artilheiro da competição foi Rabilota, do Remo, com 4 gols.

Em 1972, Marçal treinou o Sampaio Corrêa campeão da Série B e ainda teve Pelezinho como artilheiro, com oito gols.

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Em 1997, o Sampaio Corrêa foi campeão da Série C. Superou Francana-SP, Juventus-SP e Tupi-MG em um quadrangular final.

terça-feira, agosto 19, 2008

As Séries B que ninguém conhece (Parte 1)

Só nos últimos anos a Série B chegou a um nível de desenvolvimento e respeito que a tornou uma das competições mais disputadas do futebol brasileiro, em especial por levar quatro equipes para a primeira divisão nacional. Mas nem sempre foi assim.

Durante anos, a Série B foi relegada a um segundo plano, sendo mudada, cancelada, torcida, mexida e remexida, sofrendo mudanças de formato, nome, sentido, viradas de mesa, cancelamentos, problemas, pendengas e toda a sorte de coisas, desde a sua origem, nos anos 70.

Anos 70? Sim, isso mesmo que você leu. As primeiras edições da Série B foram realizadas juntamente com o Campeonato Brasileiro. Porém, ao contrário deste, não tiveram continuidade e acabaram sacramentando o futuro da competição.

1971

Em 1971, quando o primeiro Campeonato Brasileiro foi realizado, houve a necessidade de se realizar um torneio da segunda divisão, batizado de “Primeiro Campeonato Nacional de Clubes da Segunda Divisão”. Nome pomposo, mas pena que só no nome.

A princípio, era um torneio que todas as federações estaduais (pelo menos as organizadas) podiam indicar times, mas muitas, devido à recusa da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, a que mandava antes da do F) em custear as despesas das equipes. Neste caso se aplicam Guanabara (o estado-cidade do Rio de Janeiro), Rio Grande do Sul e Bahia. Outras toparam, mas com restrições.

São Paulo teve como representante a Ponte Preta, vice-campeã do estado no ano anterior. Mas a Macaca só foi para o torneio porque a Federação Paulista de Futebol se comprometeu a pagar as passagens e as hospedagens da equipe.

Assim, 23 times disputaram o campeonato, que tinha regulamento e disposição um tanto confuso (futebol brasileiro, né?). Duas zonas (Norte-Nordeste e Centro-Sul) foram feitas, com grupos e subdivisões bem confusos e bizarros.

O Grupo Norte-Nordeste foi subdividido em duas zonas (Norte e Nordeste). A Zona do Nordeste formou três grupos, onde os campeões seguiam. No A, o Ferroviário-CE não teve problemas para passar por Campinense-PB, ABC e Ferroviário-PE. O B teve apenas três equipes, e nele o Itabaiana-SE surpreendeu ao vencer um grupo com CRB e Náutico e se classificar.

Já o C era o maior em quantidade de times (cinco) e foi disputado até o fim, mas o Flamengo-PI, apesar de ter sido derrotado pelo rival River na estréia, venceu o grupo, que também tinha os maranhenses do Sampaio Corrêa e do Maranhão e os cearenses do Guarany de Sobral.

O Grupo D, único da Zona Norte, era, na verdade, um torneio seletivo de clubes paraenses. Paysandu, Remo, Sport Belém e Tuna Luso se enfrentaram para ver quem pegava na fase seguinte a Rodoviária-AM. A classificação foi decidida apenas no gol average, em que o Remo foi campeão e desbancou a Tuna Luso (ambos fizeram oito pontos na chave).

O Grupo Centro-Sul era o que reservava bizarrices. Três equipes, o Central-RJ (de Barra do Piraí), o Mixto-MT e o Villa Nova-MG conseguiram vaga automática para a fase seguinte, e restaram América-SC, Londrina e Ponte Preta para jogar. Vencendo apenas em casa e empatando fora, a Macaca levou invicta a classificação para a fase seguinte, onde disputou uma “semifinal” com o Mixto, em que venceu (2x0 fora e 3x0 em casa). Na outra partida, o Villa Nova passou por cima do Central (2x2 e 1x0).

O Grupo do Norte-Nordeste teve o mesmo destino. O Remo teve de fazer a “final” do Norte com a Rodoviária, vencendo as duas partidas (1x0 e 4x2). Assim, esperou o vencedor do Grupo do Nordeste, em que a Itabaiana passou pelo Flamengo-PI e pelo Ferroviário-CE. Na final da zona, deu Remo de novo (0x0 fora e 2x0 em casa).

O Grupo do Centro-Sul teve a sua final entre Villa Nova e Ponte Preta. Cada uma venceu um jogo por 1 a 0 e levaram a decisão para o terceiro jogo, que terminou 0 a 0 no tempo normal, 1 a 1 na prorrogação e com a vitória do Villa por 6 a 5 nos pênaltis.

A final ocorreu entre Remo e Villa Nova, com os paraenses vencendo a primeira partida por 1 a 0, gol de Ernani. Na segunda partida, Dias, Jésum e Paulinho deram a vitória para os mineiros e levaram a partida para o jogo-desempate, em Belo Horizonte, que acabou vencido pelo time de Nova Lima por 2 a 1, com Mário Lourenço anotando os gols do Villa e Cabecinha para o Remo. Assim sendo, Villa Nova primeiro campeão da Segunda Divisão.

(FIM DA PRIMEIRA PARTE)

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Circuitos One-Hit Wonders

Desculpe a demora em escrever neste blog, mas outras coisas, a preguiça e tal me deixaram afastados daqui. Espero compensar de alguma forma em 2008, mas não sei, por isso irei, pelo menos hoje, tirar o atraso.

O post desta semana voltará ao circo da Fórmula 1. Em especial, a seus circuitos na história. O tópico a ser apresentado será dedicado aos circutos que, em apenas uma vez na história, sediaram corridas da F1. Contar um pouco das histórias das pistas que, em apenas uma vez, tiveram a honra (ou não) de ter carros da maior categoria de monopostos do planeta correndo por elas.

Para não me exceder muito, deixo que o post comece agora:

Ain Diab
País: Marrocos
Corrida: 1958
Vencedor: Stirling Moss (GBR, Vanwall)

Na única corrida da F1 oficial realizada nesta pista, a vitória e a tragédia abateram-se sobre a Vanwall. A vitória de Stirling Moss, na corrida que consagrou o título da Ferrari de Mike Hawthorn, seria bem comemorada se Stuart Lewis-Evans, da mesma equipe, não acabasse sofrendo um grave acidente, que lhe tirou a vida alguns dias depois. O próprio acidente acabou por tirar toda a paixão de Tony Vandervell, dono da Vanwall, pelas corridas. A própria equipe encerrou suas atividades algum tempo depois.

AVUS
País: Alemanha
Corrida:1959
Vencedor: Tony Brooks (GBR, Ferrari)

AVUS ficava parte em Berlim Ocidental e parte na Oriental. Mesmo assim, inventaram de fazer corrida nesse circuito excêntrico, com retões e até uma curva inclinada. Assim como foi em Marrocos, outro piloto perdeu a vida em um acidente: Jean Behra, em uma corrida preliminar. De resto, um pódio todo de Ferraris (Brooks, Gurney e Phil Hill) e um acidente incrível de Hans Herrmann

Riverside
País: EUA
Corrida: 1960
Vencedor: Stirling Moss (GBR, Walker Lotus-Climax)

Riverside era um circuito bastante conhecido nos EUA no passado. Hoje desativado, sediou uma corrida de F1 em 1960. Sem muita presença de público, Riverside viu Moss vencer mais uma corrida da F1, a última da era de motores de 2.5l. No ano seguinte, atrás de público, foram para Watkins Glen, onde ficaram por muito tempo.

Le Mans (Bugatti)
País: França
Corrida: 1967
Vencedor: Jack Brabham (AUS, Brabham-Repco)

O circuito Bugatti é uma versão reduzida do lendário circuito das 24H, já que parte dele é aberto para o tráfego durante o resto do ano. No final dos anos 60, teve a honra de ser a casa de mais um GP da França. Vencido pelo então campeão mundial, Sir Jack Brabham, o GP teve a curiosidade de ter posto o Mundial de F1 na pista mais famosa de corridas de carros-esportes do mundo.

Sebring
País: EUA
Corrida: 1959
Vencedor: Bruce McLaren (NZE, Cooper-Climax)

Sebring era uma antiga base militar na Flórida, que virou um circuito de ponta, sendo até hoje a sede das 12H de Sebring. Em 1959, sediou a primeira corrida de F1 nos EUA em que os europeus se sentiram a vontade de ir (até porque ninguém ia pra Indy mesmo...). Na pista cheia de retas, deu um neo-zelandês que daria o que falar no futuro: Bruce McLaren, piloto que se tornaria o criador do que hoje é um império sobre rodas (sim, é a McLaren). Além disso, na corrida esteve um Kurtis Kraft (carro comum nas corridas americanas de então), dirigido por Rodger Ward. Claro, não fez nada....

Donnington Park
País: Grã-Bretanha
Corrida: 1993
Vencedor: Ayrton Senna (BRA, McLaren-Ford)

A primeira volta da corrida disputada em Donnington Park é considerada por muitos uma das melhores aulas de pilotagem da história. Ayrton Senna, em uma McLaren com motor Ford um tanto fraco, conseguiu debaixo de chuva, fazer uma série de ultrapassagens e garantir mais uma de suas históricas vitórias. Só pra não ficar nele, cito também Rubens Barrichello (que até poderia pontuar se não tivesse problemas) e Karl Wendlingler, que também fez uma ótima primeira volta. Pra história.

Dallas
País: EUA
Corrida: 1984
Vencedor: Keke Rosberg (FIN, Williams-Honda)

A cidade dos Cowboys recebeu sua única corrida de F1 no ano em que este semi-blogueiro veio ao mundo, e não muitos dias depois deste nascer. Foi a única vitória de Keke Rosberg na temporada e uma das duas em que nenhuma das McLarens marcou ponto na temporada. A corrida teve seus pontos curiosos: um bizarro encontro de Jimmy Carter com Stirling Moss e a única vez em que Piercarlo Ghinzani pontou na F1, com seu Osella.

Parque Monsanto
Pais: Portugal
Corrida: 1959
Vencedor: Stirling Moss (GBR, Cooper-Climax)

O Parque Monsanto foi uma das casas da F1 na Terrinha antes de aportar em Estoril, nos anos 80. A corrida foi vencida por Stirling Moss (emplacando mais uma aqui), e teve como curiosidade a presença de apenas um português na pista: Mário Araújo "Nicha" Cabral, que terminou em um honroso décimo lugar a bordo de sua Cooper-Maserati. Além de três americanos (Dan Gurney, Masten Gregory e Harry Schell) entre os seis primeiros.

Pescara
País: Itália
Corrida: 1957
Vencedor: Stirling Moss (GBR, Vanwall)

A quarta que Moss emplaca em circuitos de uma corrida só. A pista tinha um traçado bizarro (lembrava um triângulo, mas a base era cheia de curvas estranhas), além de dois retões. É o traçado mais longo que já recebeu corridas da F1. Diante de 200.000 pessoas, Moss chegou a frente do futuro campeão daquele ano, Juan Manuel Fangio para capturar sua segunda vitória naquele ano. Ele ainda venceria a etapa final, em Monza.

Zeltweg Aspern Aerodrome
País: Áustria
Corrida: 1964
Vencedor: Lorenzo Bandini (ITA, Ferrari)

Zeltweg é um nome atribuído a vários circuitos da Áustria, mas só este é chamado pelos sites internacionais e enciclopédias por este nome (tem o Osterrichring e o A1 Ring também). Aproveitando-se de suas longas retas e de suas curvas, ali se fez a primeira corrida em solo austríaco, consagrando a única vitória de Lorenzo Bandini na categoria. Vale dizer que, ali, começou a carreira de Jochen Rindt, que terminaria tragicamente em Monza, em 1970.

***

Bueno, é isso. Algumas histórias ditas, curiosidades faladas e um texto novinho no meu blog, para que todos possam curtir. Uma espécie de homenagem para as pistas novatas da temporada 2008 (Cingapura e Valência) que podem, ou não, entrar em uma futura republicação do post, mas isso só a FIA decide.

Bem, matei as saudades daqui e espero poder voltar rápido para falar de outros assuntos, ok?

Até!