quarta-feira, maio 17, 2006

A Copa das Feiras (II)

Depois de longa espera, a segunda parte da história da Fairs Cup, com mais fatos e resultados interessantes.

1963/4

A Fairs Cup prosseguiu na temporada 1963/4, com a adição de mais times e cidades. Dessa vez só Copenhague levou uma equipe puramente municipal, todas as outras já eram times "normais". Por isso, o torneio começou a ganhar uma cara mais "profissional".

Indo aos resultados, não houve muitas surpresas na primeira fase: o Zaragoza passou sem dificuldades pelo Iraklis (GRE) (3 a 0 e 6 a 1), assim como o Partick (ESC) pelo Glentoran (IRN) (4 a 1 e 3 a 0). O Sheffield Wednesday repetiu o mesmo placar (4 a 1) nas duas partidas contra o DOS Utrecht (HOL), e o Belenenses fez quase isso contra o Tresnvjeka Zagreb (IUG) (2 a 0 e 2 a 1). A Roma eliminou o Hertha Berlim (3 a 1 e 2 a 0), o Lokomotiv Plovdiv (BUL) tirou os romenos do Steagul Rosu Brasov (3 a 1 e 2 a 1), e o Rapid Viena eliminou o Racing Paris (1 a 0 e 3 a 2).
Porto e Atlético de Madrid tiveram encontros interessantes, que penderam para os colchoneros (2 a 1 e 0 a 0). O RFC Liegeois precisou vencer em Luxemburgo o Aris Bonnevoie (2 a 0) no primeiro jogo e empatar em casa (0 a 0) pra passar de fase, e o Colônia não teve dificuldades com o Gent (BEL) (3 a 1 e 0 a 0). O Ujpést teve que levar a decisão para o segundo jogo em casa para eliminar o Leipzig (0 a 0 e 3 a 2), assim como o Valência, que depois de vencer o Shamrock Roves (IRL) por 1 a 0 no jogo dia, o eliminou com um empate de 2 a 2. O Spartak Brno também passou fácil pelo Servette (5 a 0 e 2 a 1)
Já o Arsenal viveu momentos adversos: goleou a seleção de Copenhague por 7 a 1 na capital dinamarquesa, e perdeu por 3 a 2 em Londres, mas mesmo assim levou a vaga. Lausanne e Hearts empataram ambos os jogos em 2 a 2, e levaram o jogo para o play-off na cidade suíça, onde os locais venceram na prorrogação por 3 a 2. Juventus e OFK Belgrado venceram em suas respectivas casas por 2 a 1 e realizaram a partida decisiva em Trieste. Melhor para a Juve, que venceu por 1 a 0 e se classificou.

A segunda fase proporcionou mais emoções e sorte para os espanhóis, com o Zaragoza eliminando o Lausanne (2 a 1 e 3 a 0) e o Valencia tirando o Rapid Viena (0 a 0 em Viena e 3 a 2 em Valência). Só o Atlético de Madrid não se deu bem, sendo eliminado pela Juventus (1 a 0 e 2 a 1). O outro italiano da fase, a Roma, garantiu a vaga às quartas de final passando pelo Belenenses (2 a 1 e 1 a 0). O Colônia passou dificuldades, mas passou pelo Sheffield Wednesday (3 a 2 e 2 a 1). O RFC Liegeois surpreendeu ao empatar com o Arsenal em Londres (1 a 1) e vencer em Liège (3 a 1). O Ujpést empatou em casa com o Lokomotiv Plovdiv (0 a 0), mas seguiu em frente com um 3 a 2 na Bulgária. Só o Spartak Brno teve um pouco de dificuldades ao enfrentar o Partick: perdeu na Escócia (3 a 2), mas goleou na Tchecoeslováquia (4 a 0) e se tornou quadrifinalista.

Nas quartas de final, a sorte ficou de novo do lado ibérico: o Zaragoza eliminou a Juventus (3 a 2 e 0 a 0), e o Valencia venceu o primeiro jogo contra o Ujpest (5 a 2). Quase perdeu a vaga com a vitória húngara por 3 a 1 em casa, mas garantiu a vaga nas semi-finais. O Köln (nome alemão do Colônia) virou um placar desfavorável contra a Roma (3 a 1 na capital italiana) ao vencer em casa por 4 a 0, se garantindo nas semi-finais. RFC Liegeois e Spartak Brno ganharam de 2 a 0 em suas respectivas casas e realizaram um play-off na cidade belga, onde ao marcar 1 a 0, os locais seguiram em frente. Emoções opostas foram sentidas por Valencia e Zaragoza nas semi-finais: os Valencianos venceram o Köln por 4 a 1 na Espanha, e souberam segurar o ímpeto germânico. Apesar de vencer por 2 a 0, Colônia assistiu a festa espanhola.
Já o Zaragoza teve que ir ao jogo-extra para decidir sua sorte: perdeu de 1 a 0 do RFC Liegeois na Bélgica, mas fez 2 a 1 na Espanha e igualou o saldo. Em Zaragoza mesmo, venceu por 2 a 0 e foi a final.

Em sua terceira final consecutiva, os morcegos não queriam decepcionar (a partida agora seria em 1 partida, no Nou Camp barcelonês com 50000 pessoas), mas aos 40min de partida Villa abriu o marcador para o Zaragoza. Sorte que Urtiaga empatou dois minutos depois. O jogo seguiu assim até que Marcelino marcasse o tento vitorioso do Zaragoza com 38 do segundo tempo. O Zaragoza se sagraria vencedor da Fairs Cup, impedindo o tri valenciano. Era a primeira conquista do clube de Zaragoza em competições européias, e o fim do sonho do Valência.

1964/5
A Fairs Cip da temporada 1964/5 teve um marco importante: foi a primeira edição sem a presença de times municipais representando cidades. Agora, só times tomaram parte na competição. Com isso, e o aumento de cidades com feiras interessadas, a Fairs Cup teve 48 equipes jogando a sua primeira fase.

Pra não ficar demasiadamente longo, resumirei falando mais das campanhas dos quadrifinalistas, que na verdade, eram "semi-finais" (dois times foram agraciados com classificação direta). O Feréncvaros não teve vida fácil na Fairs Cup: teve dois confrontos difíceis com o Spartak Brno, onde venceu em casa (2 a 0) e mesmo perdendo fora (1 a 0), se classificou. Daí, começou uma rotina de jogos extras (a qual damos mais destaque depois): na segunda fase precisou de um para eliminar os austríacos do Wiener SC (vitória austríaca por 1 a 0 no primeiro jogo, vitória húngara no segundo por 2 a 1 e vitória por 2 a 0 no play-off disputado em Budapeste). Só teve vida um pouco mais fácil no confronto contra a Roma: foi quadrifinalista com duas vitórias (2 a 1 e 1 a 0).
O Athletic Bilbao enfrentou adversários de menor relevância em sua jornada até às quartas de final. Na primeira fase passou sem traumas pelo OFK Belgrado (2 a 2 e 2 a 0), e não teve menores dificuldades com o Royal Antwerp (BEL). Mas teve que passar pelo play-off contra o Dunfermline. Vitórias de ambos os times por 1 a 0 levaram a um play-off em Bilbao. Sorte dos bascos, que em casa venceram por 2 a 1 e foram a frente.
O "estranho no ninho" era o Strasbourg. O time alsácio logo na primeira fase teve uma adversário duro: o Milan. E...o Milan caiu diante dos franceses, com vitória de 2 a 0 em casa, e uma vitória milanesa por 1 a 0 em San Siro. No prosseguimento, o Basel (SUI) foi o adversário a bater. Adversário, é claro, batido sem dificuldades, a não ser o jogo de ida (1 a 0 para os franceses). Na Alsácia-Lorena, jogo de 7 gols e vitória francesa (5 a 2). E aí, mais pedra no caminho: o Barcelona. Dois empates (0 a 0 e 2 a 2) obrigaram o terceiro jogo na Catalunha. E o empate persistiu, tanto no tempo normal como na prorrogação. Como os pênaltis ainda não eram largamente utilizados, sorteio na moedinha. E, dessa forma bizarra, o Strasbourg elimina o Barça e segue rumo às quartas.
O Manchester United teve caminho um tanto fácil, sem maiores dificuldades. Eliminou o Djurgarden (SUE) (1 a 1 e 6 a 1), goleou nos dois jogos o Borussia Dortmund (6 a 1 e 4 a 0) e eliminou com um pouco de dificuldade o Everton (1 a 1 e 2 a 1).
Os beneficiados com a vaga direta foram Atlético de Madrid e Juventus. Os colchoneros passaram de fase em fase sem dificuldades. Foram eliminados pelo caminho Servette (2 a 2 e 6 a 1), Shelbourne (duplo 1 a 0 para os espanhóis) e RFC Liegeois (vitória belga de 1 a 0 e espanhola por 2 a 0).
A Juve fez jogos difíceis contra todos seus adversários até aqui: Union St-Gilloise (duplo 1 a 0 da Velha Senhora), Stade Français (0 a 0 e 1 a 0), e teve que levar ao jogo extra seu confronto contra o Lokomotiv Plovdiv (duplo 1 a 1 e 2 a 1 na prorrogação no jogo-extra em Turim).

Explicadas as histórias, temos os confrontos: O Manchester United acabou com a festa do Strasbourg (empate sem gols na França e goleada de 5 a 0 na Inglaterra). Já Athletic Bilbado e Feréncvaros tiveram jogos bastante disputados (vitória húngara por 1 a 0 no primeiro jogo e basca por 2 a 1 no segundo jogo). No play-off disputado em Budapeste, 3 a 0 para os alviverdes da Hungria.

Semi-finais bem disputadas nessa temporada. O Feréncvaros endureceu o jogo com o Manchester United, perdendo para os red devils no Old Trafford por 3 a 2. Mas uma vitória na Hungria por 1 a 0 forçou o desempate na capital húngara. Vitória do Feréncvaros, por 2 a 1, e a primeira vaga na final fora preenchida.
No tira-teima dos classificados automaticamente, o mesmo placar (3 a 1) nas duas partidas (é claro, um 3 a 1 pra cada), e 3 a 1 para a Juventus no play-off disputado em Turim.

Assim, Juventus jogaria em casa contra o Feréncvaros. Jogo que poderia ser fácil para os bianconeros, mas não foi. O 0 a 0 foi mantido durante todo o primeiro tempo, e parte do segundo até Fenyvesi marcar o gol que abriu o placar...para o Feréncvaros! O resto do jogo foi só esperar o tempo acabar e os húngaros comemorarem o título. Por sinal, o primeiro de uma equipe do Leste Europeu em competições européias (não contando ocasionais Intertotos). Festa dos húngaros e tristeza italiana

1965/6
O grande número de equipes inscritas obrigou a UEFA a dar vagas automáticas para a segunda fase para várias equipes: Hannover 96, Español, Steagul Rosu Brasov, Göztepe (TUR), Servette, Cuf Barreiro (POR), Leipzig, Basel, Aris Salônica, Ujpest, Dunfermline, B1909 (DIN), Hearts, Valerenga (NOR), Shamrock Rovers e Zaragoza. O Feréncvaros, campeão reinante, não participou da Fairs Cup.

Metade dos "byes" chegaram até as quartas de final: O Español teve um confronto peninsular com o Sporting Lisboa, perdendo no antigo José de Alvalade por 2 a 1, mas ganhando em Barcelona por 4 a 3 na volta. O jogo-extra foi forçado, e em casa os catalães prosseguiram (vitória por 2 a 1). A história se repetiria contra o Steagul Rosu Brasov. Uma vitória pra cada lado (3 a 1 espanhol e 4 a 2 romeno). Portanto jogo extra em Brasov, vencido pelos periquitos (1 a 0)
O Ujpest passou pelos ingleses do Everton (vitória húngara por 3 a 0 no primeiro jogo e vitória inglesa por 2 a 1 no segundo, mas o Ujpést passou). E também pelos alemães do Colônia (vitória alemã na ida por 3 a 2, mas goleada húngara na volta por 4 a 0).
No caminho do Dunfermline cairam B1909 (5 a 0 e 4 a 2) e Spartak Brno (2 a 0 e 0 a 0). Já o Zaragoza passou pelo Shamrock Rovers (1 a 1 e 2 a 1), e levou ao play-off seu embate contra o Hearts (3 a 3 e 2 a 2 nos dois jogos, e 1 a 0 no jogo-desempate em Zaragoza).
Os outros tiveram caminhos diferentes: O Barcelona passou fácil pelo DOS Utrecht (0 a 0 e 7 a 1), quase capitulou diante do Royal Antwerp (perdeu de 2 a 1 na ida e venceu na volta por 2 a 0), e se vingou da moedinha no confronto contra o Hannover (vitória alemã-ocidental por 2 a 1 na ida e espanhola por 1 a 0 na volta. O jogo extra terminou 1 a 1 e, no sorteio, os blaugranas seguiram em frente).
Vida mais fácil teve o Munique 1860. Passou sem problemas pelos suecos do Malmö (3 a 0 e 4 a 0), mesmo perdendo o primeiro jogo na Turquia (2 a 1), tirou com uma massacrante goleada o Göztepe (9 a 1), e eliminou o Servette (1 a 1 e 4 a 1).
O Chelsea começou sua jornada contra a Roma (tirou os vermelhos com 4 a 1 e 0 a 0), teve certa dificuldade contra o Wiener SC (vitória austríaca por 1 a 0 na ida e inglesa na volta por 2 a 0). Na terceira fase, Chelsea e Milan jogaram: 2 a 1 pra cada lado nos dois jogos, e 1 a 1 no jogo extra obrigaram a mais um sorteio, que foi melhor para os Blues.
O Leeds United fez uma campanha simples, mas boa: eliminou Torino (2 a 1 e 0 a 0), Leipzig (2 a 1 e 0 a 0) e Valencia (1 a 1 e 1 a 0). Assim se desenharam as quartas de final.

Estas que tiveram o clássico catalão, onde o Barcelona se daria bem contra o Español (duplo 1 a 0 blaugrana). Os ingleses venceram uma empataram outra em seus confrontos: o Chelsea com o Munique 1860 (2 a 2 e 1 a 0) e o Leeds com o Ujpést (4 a 1 e 1 a 1). O Zaragoza perdeu na Escócia para o Dunfermline (1 a 0), mas fez 4 a 2 no jogo de volta e iria em frente.

Semi-finais que precisaram do jogo-extra em duas partidas. No confronto Barcelona x Chelsea (quando não tinha Mourinho e Ronaldinho), 2 a 0 pra cada lado nas partidas, e um impulsivo 5 a 0 no jogo extra na Espanha levaram o Barça a final. Em casa, o Zaragoza se deu bem contra o Leeds (1 a 0), mas fora perdeu a partida (2 a 1), placares que deram a chance do desempate. E o Zaragoza faria mais uma vez a final, derrotando o Leeds por 3 a 1 na "negra".

A final da competição voltaria a ser em jogos de ida e volta. Na primeira partida, em Barcelona, Canário fez o gol da surpreendente vitória do Zaragoza por 1 a 0, marcado aos 40 do primeiro tempo. O tudo ou nada teria que ser em Zaragoza, e com 3 minutos de jogo, Pujol abriu o marcador para os catalães. Villa empataria aos 20 minutos, fechando o primeiro tempo com placar favorável ao Zaragoza, vantagem que só aumentou com o gol de Marcelino aos 5 da segunda etapa. Porém, quando tudo parecia se encaminhar para o título do Zaragoza, Zaballa empata aos 34 do segundo tempo, reavivando as chances do Barcelona na partida. Esperanças confirmadas com o gol de Torres, aos 40 do segundo tempo, que praticamente ressucitou o Barça. O tempo normal terminou 3 a 2 e o jogo foi para a prorrogação. Nela, Pujol, com 10 do primeiro tempo, fez o gol salvador do Barça. O gol do título do Barcelona, num jogo surpreendente e emocionante. Seria o terceiro e último título do Barça. E ainda mais, seria o último título espanhol de 6 nos primeiros anos de Fairs Cup. Nos próximos anos, a hegemonia mudaria de lugar...

Mas isso fica pra próxima...

FONTES
Wikipedia
RSSSF
UEFA

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