terça-feira, abril 25, 2006

Lambo/Modena - Um sonho que não deu certo


A Lamborghini, fabricante de alguns dos carros mais caros e luxuosos (entre eles o legendário Diablo) foi fornecedora de motores para a F1 entre 1989 e 1993. Muito graças a Lee Iacocca, presidente da Chrysler (montadora americana que havia comprado a Lamborghini em 1987). A Lamborghini fez motores para a Lola/Larrousse, Ligier, Lotus, Minardi e Venturi, conseguindo poucos resultados expressivos na F1. Mas o principal sonho do pessoal era de ter sua própria equipe. O que aconteceu, mas como as histórias que já falamos por aqui, acabou não dando muito certo

A idéia de uma equipe própria nasceu em 1990, quando surgiu um plano de criar uma nova equipe. Capitaneada pelo empresário mexicano Fernando González Luna, e que seria dirigida pelo ex-jornalista italiano Leopoldo Canetolli, o projeto "GLAS" foi entregue a empresa para o desenvolvimento do carro e do motor. Mas na hora de testar, Luna sumiu, e com ele, os US$ 20 Milhões que havia prometido para o time. O carro, projetado por Mario Tolentino e Mauro Forghueri não ficou sem dono: a Lamborghini assumiu os problemas e indicou o ex-presidente da marca de roupas Fila, Carlo Patrucco, como chefe de equipe.

Os carros, conhecidos como Lamborghini 291, foram testados no fim do ano pelo ex-piloto italiano Mauro Baldi. O carro adotou a cor azul, e era muito bonito. O time se inscreveu na temporada de 1991 como "Scuderia Modena SpA", em homenagem a cidade natal da montadora (e homônima ao piloto italiano Stefano Modena, que correria pela Tyrrell). Ainda assim era conhecida como "o time da Lamborghini", ou melhor, pros íntimos: Lambo.
Assumiram como diretores da equipe Tolentino e o ex-Minardi Jaime Manca Graziadei, e o ex-piloto Dave Morgan entrou como engenheiro da equipe. Os pilotos contratados foram Nicola Larini, ex-Coloni e Osella, e o novato belga Eric Van de Poele, vice da F3000 no ano anterior. Os bem sucedidos testes, e os resultados dos motores no ano anterior deixaram a equipe otimista.

A equipe, como novata, teria que enfrentar a famigerada pré-qualificação, e logo na primeira corrida (GP dos EUA, em Phoenix) as coisas começaram a aparecer. Apesar de De Poele ter ficado na pré-qualificação, Larini passou fácil e largou em 17o. No fim da corrida acabaria em 7o lugar, uma posição atrás dos pontos e 5 voltas atrás do vencedor (Senna). Um resultado tão impressionante, que até apagou o decepcionante GP do Brasil, em que nenhum dos pilotos passou da quinta-feira.
Mas o melhor (ou quase) viria em Ímola. Seria a vez de Larini ficar na pré-qualificação e Van de Poele fazer o 21o tempo no grid de largada. Numa prova com chuva, e muita disputa entre ele e o futuro bicampeão mundial Mika Hakkinen na Lotus, o belga estava em 5o lugar na última volta, a metros dos 2 primeiros pontos dele e da equipe. Porém, problemas de combustível a metros da bandeirada tiraram a Lambo da zona de pontuação, e Van de Poele teve que se contentar com um mero 9o lugar.

Daí em diante, o resto da primeira metade do campeonato virou um inferno para Larini e de Poele. Nenhum dos carros atingiu a sexta-feira nos seguintes 5 GPs (Mônaco, Canadá, México, França e Inglaterra). Ainda Larini fora disqualificado no México por uma infração técnica. Mas depois de Silverstone, toda a pré-qualificação teve que ser readequada, pois era a metade da temporada. E a Lambo/Modena conseguiu se safar das quintas graças ao sétimo lugar de Nicola Larini em Phoenix, e logo eles foram trazidos para a sextas-feiras em Hockenheim. E pra comemorar, Larini iria ao grid de largada na Alemanha, largando em 24o (Van de Poele, claro, não conseguiu). Mas a prova terminaria pro italiano logo na volta inicial, depois de um toque com a Brabham de Martin Brundle. O italiano repetiria o grid na mesma posição na Hungria, mas dessa vez o carro terminou em 16o.

Enquanto isso, a equipe começava a perder dinheiro, com a dificuldade de arranjar patrocínios devido aos maus resultados. Forghieri deixaria o seu posto no time para ajudar na criação do novo motor V12 da montadora, e enquanto isso tentava recriar a Modena longe da Lamborghini. Mas de volta as pistas, os dois Lambos não vão ao grid na Bélgica, mas Larini poria o carro em 23o no grid do seu GP natal, em Monza. E terminaria em 16o, de bom tamanho para o que o carro estava correspondendo. Depois de ficar sem ver as cores de uma corrida em Portugal, Espanha e Japão, o último GP da temporada (o da Austrália, em Adelaide) viu a última vez que um carro da Lambo/Modena foi para o grid. E como sempre, era Nicola Larini de novo, em 19o lugar. A corrida terminou ao colidir com Schumacher e Alesi, na quinta volta. E aí terminaria o ano para a Lambo. O ano e muito mais... (aliás, notaram que depois de Ímola o Van de Poele não fez mais nada, né?)

No fim do ano, a equipe fecharia, mesmo tendo chamado Sergio Rinland para projetar o carro para 1992. A Modena agora usaria motores da Judd, pouco confiáveis,mas também consideraria continuar com os italianos. Mas essa história não teve final: o time fecharia mesmo as portas, e a Lamborghini ainda continuaria mais um tempinho fornecendo motores antes de ser comprada para um grupo indonésio chamado Megatech, e com isso a F1 ir para o espaço pra eles. Talvez fosse melhor assim...

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O futuro do pessoal da Lambo

Nicola Larini: Depois da Lambo o italiano faria algumas provas com a Ferrari em 1992 e 1994 e pela Sauber em 1997. COnseguiria um pódio no GP de San Marino de 1994 (é, aquele mesmo...). Depois iria andar de carros-esporte por aí
Eric Van de Poele: Ele viraria um "enterrador de equipes" após a Lambo. Em 1992, correu pela Brabham, que faliu no meio da temporada, e no mesmo ano iria para a Fondmetal, que...fecharia no fim do ano. Depois foi correr em Le Mans e nos carros esporte e de turismo.
Carlo Patrucco: Sem muitas notícias, mas provavelmente voltou a sua vida de empresário, tocando alguma empresa na Itália

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FICHA TÉCNICA
Nome: Scuderia Modena SpA
Local: Itália
Temporadas: 1 (1991)
Corridas: 16
Pontos: 0
Pilotos: Nicola Larini (ITA, 1991) e Eric van de Poele (BEL, 1991)
Melhor Colocação: 9o (Nicola Larini, GP dos EUA 1991)


FONTES

F1 Rejects
Grand Prix.com
Chicane F1

Ouvindo Death Cab for Cutie: Crooked Teeth

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