terça-feira, dezembro 26, 2006

O "Brasil" na Libertadores não é o Brasil na Libertadores

Neste mês de dezembro, tivemos a participação do Internacional no Mundial de Clubes da FIFA 2006, ao qual sagrou-se campeão batendo o Barcelona por 1 a 0. Uma conquista inédita para o Internacional e importante para o futebol brasileiro. A presença do Inter na competição atiçou a curiosidade dos brasileiros para assistirem as partidas do Colorado no Mundial. E, também, a presença de mais um clichê famoso usado pela imprensa nacional.

Talvez você já tenha ouvido falar que tal time "é o Brasil" em determinada competição internacional de clubes. O artifício, usado principalmente pelo Galvão Bueno, serve a princípio para elucidar uma suposta torcida nacional pela equipe em questão, seja ela grande ou pequena. O arroubo nacionalista não é apenas monopólio do principal narrador da Rede Globo, mas de diversos meios de comunicação espalhados pelo país, na tentativa (de certo modo verdadeira) de dizer que o referido clube representa a nação brasileira em campo contra adversários estrangeiros.

O uso do mote seria perfeito se não se observassem alguns probleminhas. O primeiro deles parte da "torcida". Claro que muitos torcedores de outros clubes apoiaram o Internacional em sua saga em busca da taça sul-americana e pelo título mundial. Mas nem todos acharam que o Inter era o "Brasil" em campo diante de Al-Ahly e Barcelona. Os gremistas, por exemplo, não gostavam quando ao invés do Inter, era o "Brasil" em campo. Na opinião deles, os colorados não tinham a torcida inteira do país para serem campeões mundiais de clubes, além claro da própria torcida do Grêmio. E claro, o Inter tinha estrangeiros (Vargas e Hidalgo, pois o Rentería ficou)

Do mesmo modo, o São Paulo não foi o "Brasil" na conquista do ano passado, quando bateu o Liverpool na final. Corinthianos, palmeirenses e santistas se uniram como nunca para secar o Tricolor na busca pelo tri mundial, mas acabou não dando certo. E claro, o SP foi "Brasil" mesmo tendo um estrangeiro no elenco (Lugano).

O grande problema de se dizer que um time é o "Brasil" é, como já vimos, mexer com brios de outros torcedores, que por motivos quase óbvios, nunca apoiariam a equipe a postular tal taça internacional. Além disso, no caso dos Mundiais, a equipe nunca representa de certo modo o país Brasil, mas a confederação (CONMEBOL) na disputa pela taça. Portanto, seria aceitável dizer que o Inter era a América do Sul em busca do título Mundial?

E como seria lá fora? Seria o Arsenal a "Inglaterra" contra a "Espanha" (Ou melhor, "Catalunha"), representada pelo Barcelona? O Milan, em qualquer decisão européia, seria a "Itália", tendo torcida de todos os torcedores, inclusive dos da Juventus e da Internazionale? O Benfica seria "Portugal"? O Lyon a "França"? o Bayern de Munique a "Alemanha"? Ou quem sabe o Boca Juniors pode ser a "Argentina"? Para os seus rivais mais próximos, será que seria questão de honra patriótica torcer por um adversário?

Mas bem, o "Brasil" na Libertadores (ou na Supercopa, Mercosul, COnmebol, Mundial Interclubes, Mundial da FIFA, Sul-Americana...) é apenas um arroubo de nacionalismo de certos órgãos da mídia para tentar trazer a maioria do público nacional para torcer para um time brasileiro. Só que esquecem que esses times tem rivais, e por muitas vezes, estes torcem contra o time. Ou já esqueceram de Fla-Madrid e Corinchester?

E o único Brasil com o que se pode torcer é a Seleção Brasileira de futebol.

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Este é o último post do ano, e venho aqui pra dizer um Feliz 2007 para todos os que dâo uma espiada neste blog. No ano que virá teremos mais assuntos para tratar, mais histórias, mais curiosidades, mais coisas para opinar e claro, teremos você aqui, lendo, comentando e divulgado este blog por aí

Feliz 2007 pra todos e se cuidem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não é o brasil mais representantes!